Por Rodrigo Otaviano Vilaça – presidente da ASLOG
A importância da logística tem aumentado consideravelmente em praticamente todos os setores. O seu crescimento contínuo tem demonstrado grande força no nosso país, principalmente no que se refere ao gerenciamento do tempo e dos recursos necessários para a produção e movimentação. Neste novo cenário da economia mundial pós-crise, as atividades que envolvem a logística têm desenvolvido um papel fundamental para a redução dos custos e para o aumento da competitividade entre as empresas.
Graças à nova cultura das companhias - as quais perceberam que o trabalho logístico, visando à redução dos custos, é uma fonte de agregação de valor aos produtos e serviços -, a tendência do setor para os próximos anos é o crescimento cada vez mais acelerado. Contudo, embora o Brasil esteja evoluindo, ainda tem um caminho longo a percorrer. Seu modelo logístico ainda está excessivamente focado no modal rodoviário, que corresponde a até 65% de todo o volume transportado, além de ser o segundo mais caro, perdendo somente para o aéreo. Esse custo é agravado, ainda, pelo precário estado de conservação das estradas.
Sabemos que é necessária a intermodalidade dos modais de transporte para que tenhamos mais eficácia na atividade logística no Brasil. É preciso mais defesa e mais pró-ação, por exemplo, no modal ferroviário, assim como nos demais. Por outro lado, também é notório que, desde que assumiram a concessão das malhas ferroviárias, as transportadoras de cargas mudaram o cenário do setor, que passava por completa estagnação. A participação das ferrovias na matriz de transportes do Brasil passou de 19%, em 1999, para 30%, em 2009, sendo que a referência internacional nos desafia a atingir o índice de 42%.
A grande benfeitora dessa nova estatística é a iniciativa privada. Para se ter uma idéia, o governo federal deixou de acumular umdéficit de R$ 3,8 bilhões, acumulado nos dez anos que antecederam à desestatização. Atualmente, a União recebe das concessionárias R$ 300 milhões/ano pela concessão e arrendamento, além de R$ 300 milhões que as empresas recolhem para a CIDE (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico). Isso significa uma receita anual de R$ 600 milhões, sem considerar os tributos federais, estaduais e municipais que, somente em 2003, totalizaram R$ 350 milhões.
Porém, para que o crescimento da logística não sofra interrupção é preciso que alguns entraves, ameaçadores do seu desenvolvimento, sejam solucionados. Um exemplo é o desafio dos profissionais de apoio às atividades principais das empresas, ligando os pontos fornecedores aos clientes finais. As empresas tendem a trabalhar de uma forma bastante enxuta no que se refere a estoques e movimentações, zelando sempre pela redução de custos e pela obtenção de excelência no atendimento aos clientes. Estamos falando da ausência de qualificação da mão-de-obra, um gargalo do setor que, urgentemente, deve ser solucionado.
A grande lição é que investir em pessoas, no seu desenvolvimento e na retenção do conhecimento é um diferencial competitivo valioso e que jamais deve ser desconsiderado. Ignorar e não utilizar o conhecimento instalado dentro da organização é um grande erro estratégico. A organização deve, contudo, proporcionar formação intelectual para o funcionário, deve torná-lo capacitado a exercer a função com competência. Deve valorizá-lo, sendo deferente com seus direitos e incentivando a sua capacitação.
Desta forma, o colaborador interno trabalhará feliz, motivado, com comprometimento, com competência e o melhor: será fiel à empresa, ao seu produto e à sua movimentação. A Associação Brasileira de Logística – ASLOG tem se preocupado fortemente com esta questão! Além de oferecermos cursos e trabalharmos em parceria com várias organizações que visam à capacitação, também estamos com um Projeto de Lei (PL) tramitando na Câmara Federal, para designarmos todo dia 6 de junho o “Dia Nacional do Profissional de Logística”. Uma forma justa de homenagearmos os profissionais deste setor.
A logística, sendo a arte de comprar, receber, armazenar, separar, expedir, transportar e entregar o produto/serviço na hora e no lugar certo, ao menor custo possível e da maneira mais inteligente e produtiva, merece que todos os envolvidos no setor recebam nossos gratos cumprimentos, pois reconhecemos que fazem da atividade uma potência e esperança mundial.
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